
Soberana Ziza reapresenta à cidade de São Paulo a importância matriz das mulheres pretas para a sua fundação e evolução. Seja por meio dos corpos presentes transeuntes na cidade, seja pela espiritualidade que paira sobre este território, seja por sua arte propagada em inúmeros espaços, estamos nós mulheres pretas aqui, como árvores majestosas, firmes, potentes cujas raízes estão fincadas em barro, raízes nutridas na materialidade física e mística das que vieram antes de nós. Suas obras evocam relações de origem (passado), continuidade (presente) e de esperança (futuro), composições que colocam em interação múltiplas facetas do ser mulher preta considerando esses três tempos cronológicos e imagéticos, tendo em mente que passado, presente e futuro também são ficções.
Em 2021 a realizou uma investigação acerca do apagamento e da presença de mulheres negras nos territórios da Liberdade e Anhangabaú. A pesquisa resultou na produção de obras, performance, intervenções urbanas e duas exposições individuais nas galerias Choque Cultural e Diáspora, na Casa Pretahub. Neste projeto a artista se volta para o seu território natal, a Zona Norte, lugar conhecido como aquilombamento orgânico formado no pós-abolição, com as presenças de importantes escolas de samba e casas de candomblé, onde há marcos vivos da nossa história. Às ações propostas também foram pensadas em três tempos: Passado, reverenciando às raízes através da história de Dona Guga, da Morro da Casa Verde; Presente, em diálogos com outras mulheres negras artistas e Futuro, compartilhando suas técnicas de pesquisa e criação em uma oficina.
O painel Pela Transparência vejo a história fará uma homenagem a Dona Guga, presidente de honra da escola de Samba Morro da Casa Verde. Filha de Zé do Banjo, que fundou a escola no final dos anos 60, Laurinete Nazaré da Silva (Dona Guga) assumiu a presidência nos anos 90 fez a escola se reerguer, passando a desfilar nos grupos II e I, chegando a campeã do carnaval em1993, 1995 e 2005.O Morro é uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade, tendo participado do primeiro desfile organizado em São Paulo, em 1968
https://www.sescsp.org.br/programacao/pela-transparencia-vejo-a-historia
