Exposição Por muito tempo acreditei ter sonhado que era livre


O Programa Arte Atual, iniciativa do Instituto Tomie Ohtake, visa promover projetos experimentais ambiciosos e novos debates sobre arte contemporânea, tendo como principais colaboradores artistas emergentes com crescente participação no Brasil e no exterior. A cada ano, o Arte Atual, com apoio das galerias, convida uma série de artistas a partir de um tema, fato ou recorte escolhido pela equipe curatorial.

 

O Programa também tem direcionado esforços para pesquisa e acompanhamento da produção de artistas mulheres, ainda em número consideravelmente inferior em mostras por todo o país. Nesse sentido, a décima edição comemorativa do Arte Atual, Por muito tempo acreditei ter sonhado que era livre, é dedicada a 24 artistas contemporâneas brasileiras emergentes e consagradas. Com curadoria de Priscyla Gomes, a exposição reúne diferentes gerações que apresentam paisagens, retratos, performances e fotografias que refletem acerca do corpo feminino como território. “Artistas de várias proveniências e gerações visibilizam múltiplas explorações do entendimento do corpo feminino como âmago de desejos, sabedorias e ancestralidades; como metáfora de território e de uma paisagem construída muitas vezes pela ficção; como cerne de questionamento político e alvo de censuras constantes; e, principalmente, como forma de vislumbrar diferentes epistemologias”.

 

Segundo a curadora, o título faz referência a um trabalho realizado pela escultora mineira Maria Martins, que marcou a cena internacional nos anos 1940 e 1950 e só obteve reconhecimento tardio pela crítica da arte brasileira.  “A obra em questão, uma escultura em bronze produzida em 1947, foi instalada em um lago e destruída pelas intempéries e pelo descaso. O bronze condensava uma das principais investigações da artista acerca das relações entre a feminilidade, a sexualidade e as especificidades de se viver nos trópicos”. Gomes ressalta ainda, que essa história em torno da escultura de Martins serve como mote à exploração de inúmeras representações e indagações de mulheres artistas brasileiras que, cada uma a seu modo, refletem sobre a condição feminina. “Aqui, a recepção do trabalho de Martins explicita décadas de uma historiografia ainda repleta de hiatos e um longo caminho a ser percorrido na política das artes”, completa a curadora.

https://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/interna/arte-atual-2022

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